Coronavírus: Pertence a subfamília Coronaviridae, sendo caracterizadas como vírus com pequenas espículas de proteínas parecidas com uma coroa, ou “corona”, em latim. Há centenas de tipos de coronavírus, sendo que sete são capazes de infectar humanos, onde quatro delas, nomeadas como 229E, NL63, OC43, e o HKU1, são associados a quadros de resfriados e infecções leves no trato superior. As outras três cepas pertencentes ao gênero Beta-Coronavírus que são o SARS-CoV, MERS-Cov e a SARS-CoV-2 que têm origem zoonótica e causam quadros mais graves e fatais de insuficiência respiratória.
Referência: Novo Coronavírus (COVID-19). Revista Sociedade Brasileira de Pediatria. Nº14, p. 1-14, 2020. Disponível em: https://crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/publi/covid19/sbpediatria/dc612_sbp_novo_coronavirus_14022020.pdf
Alfa coronavírus: É um gênero da família Coronaviridae responsável pelo contágio em cães e gatos. A espécie CCoV (Canine Coronavirus) causa a gastroenterite canina enquanto a FCoV (Feline Coronavirus), causa Peritonite Infecciosa Felina (PIF).
Referência: Lima, C. M. A. O. Informações sobre o novo coronavírus (COVID-19). Radiol Bras. V. 53. N. 2. doi: https://doi.org/10.1590/0100-3984.2020.53.2e1. 2020.
Beta coronavírus: É outro gênero da família Coronaviridae, porém, é o responsável pelo contágio em humanos. Possui três espécies: SARS-CoV-2, responsável pela Covid-19 que compartilha 79,5% de sua sequência genética com SARS-Cov, que causa a SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave) e a MERS-CoV,, que provoca a doença MERS (Síndrome Respiratória do Oriente Médio).

Referência: Novo Coronavírus (COVID-19). Revista Sociedade Brasileira de Pediatria. Nº14, p. 1-14, 2020. Disponível em: https://crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/publi/covid19/sbpediatria/dc612_sbp_novo_coronavirus_14022020.pdf
Cepa: também podem ser encontradas como estirpe. Por definição são um grupo de descendentes com um ancestral comum, que compartilham semelhanças fisiológicas ou morfológicas. Os vírus possuem apenas um material genético dentro, seja ele DNA ou RNA, tendo uma grande importância na genética do vírus. Como possuem grande capacidade de mutação “criam” novos vírus com material genético diferente daquele de origem. Assim, cada partícula viral terá um genoma diferente das demais, resultando na cepa.
PS: As mutações podem ocorrer de maneira espontânea, induzidas por agentes físicos ou químicos ou por interações genéticas entre vírus ou entre o vírus e a célula. Tais mutações resultam numa diferença na sequência dos nucleotídeos, diferenças antigênicas, nas propriedades funcionais e estruturais, que podem ser benéficas ou não. No caso do novo Corona vírus, a chamada segunda onda de contaminação foi devido a mutagenecidade do vírus. Essa segunda onda mostra a capacidade de mutação do vírus, uma vez que ainda nem acabou a primeira onda, e nova cepa da covid-19 já está causando mais casos e mortes.
Referencias: TORTORA, G.J., FUNKE, B.R., CASE, C.L. Microbiologia. -8. ed.-Porto Alegre: Artmed, 2005.
Contágio: Por definição, contágio é a transmissão de doença de uma pessoa a outra, por contato direto ou indireto. O contagio da corona vírus pode ocorrer de diversas formas (comuns para vírus) e se espalhar muito rápido entre as pessoas.

Referência: Brasil terá aumento abrupto nos casos de coronavírus, diz secretário do Ministério da Saúde. Agência Senado. Disponivel em : < https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2020/03/11/brasil-tera-aumento-abrupto-nos-casos-de-coronavirus-diz-secretario-do-ministerio-da-saude> 20 de dezembro de 2020.
A reunião familiar que causou 41 contaminações por novo coronavírus. IG. Disponivel em: < https://saude.ig.com.br/2020-08-10/a-reuniao-familiar-que-causou-41-contaminacoes-por-novo-coronavirus.html>. Acesso em 20 de dezembro de 2020
Deleção: É a perda de uma ou mais sequencias nucleotídicas pelo genoma de um organismo. A perda pode ser total ou parcial de um segmento.

Referencia: TORTORA, G.J., FUNKE, B.R., CASE, C.L. Microbiologia. -12. ed.-Porto Alegre: Artmed, 2017.
Gene: Inicialmente cunhada no ano de 1909, a nomenclatura gene corresponde a um fragmento do material genético (DNA) que se encontra localizado no lócus, dotado de informações para sintetizar RNA ou proteína. Ele se caracteriza como a unidade funcional da hereditariedade, ou seja, atua na determinação de um caractere transmitido entre gerações. A característica hereditária adquirida geneticamente é decodificada do gene para uma molécula de RNA que, posteriormente, codifica para uma proteína. Este processo em que um gene é transcrito em um RNA até a síntese de uma proteína é denominado expressão genica.
Figura: Gene dispostos ao longo do DNA e o processo de expressão genica
Fonte: ALBERTS et al., 2017.
Referência:
ALBERTS, Bruce et al. Fundamentos da biologia celular. 4. ed. Porto Alegre. Artmed, 2017. cap. 5, p.172-192. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788582714065/cfi/198!/4/4@0.00:37.0. Acesso em: 26/12/2020.
CARVALHO, Hernandes F; RECCO-PIMENTEL, Shirlei Maria. A célula. 4. ed. Barueri (SP). Manole, 2019. cap. 14, p. 245-262. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786555762396/cfi/6/2!/4/2@0.00:0.00. Acesso em 28/12/2020.
Genoma: Corresponde à assembleia total de informação genética, em outras palavras, os genes presente em toda sequência da molécula orgânica de DNA ou, no caso de alguns vírus, presente em seu RNA, uma vez que os vírus podem apresentar tanto genoma de RNA quanto de DNA, sendo este comumente maiores.
Referência:
ALBERTS, Bruce et al. Fundamentos da biologia celular. 4. ed. Porto Alegre. Artmed, 2017. cap. 5, p.172-192. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788582714065/cfi/198!/4/4@0.00:37.0. Acesso em: 26/12/2020.
MADIGAN et al. Microbiologia de Brock. 14. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016. cap. 9, p.265-290. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788582712986/first. Acesso em 28/12/2020.
Linhagem: por definição linhagem refere-se a série de gerações de um indivíduo. A corona vírus se deu a partir de mutações da espécie original/ ancestral que sofreu mutações e gerou a linhagem da SARS-CoV, nessas mutações a espécie pode se adaptar a um hospedeiro em especifico ou apresentar mutações para parasitar diversos organismos. A figura apresenta a arvore filogenética da coronavirus, como seu ancestral comum e todas as cepas originadas dessas mutações.
OBS: em vermelho está o sars-cov2 vindo da china.

Referência: A análise filogenética mostra novos agrupamentos de coronavírus de Wuhan com SARS. EcoHealth Alliance. Disponivel em: < https://www.ecohealthalliance.org/2020/01/phylogenetic-analysis-shows-novel-wuhan-coronavirus-clusters-with-sars> acesso em: 03 de janeiro de 2021.
Linhagem. Dicio. Disponivel em: <https://www.dicio.com.br/linhagem/>. Acesso em: 20 de dezembro de 2020
Mutação: É uma modificação na composição do DNA por diversos tipos, como translocação, duplicação, deleção ou adição de bases nitrogenadas, por agentes mutagênicos, como substancias químicas ou radiações. Isso repercute na transcrição e tradução, afetando a proteína especifica e que causa grande variabilidade genética. Pode causar a perda ou ganho de função no alelo, alterar a morfologia do organismo, quebrar rotas enzimáticas e até mesmo são capazes de levar a letalidade. Além disso, é por meio de mutações que doenças são capazes de transmitir para outras espécies, como no caso do MERS, que de morcegos passou pra dromedários e em seguida para humanos. No SARS-CoV-2, as mutações ocorrem principalmente no gene que codifica a proteína spike, principal componente na entrada das células humanas, mas ainda há debate e dúvidas no meio científico sobre as consequências dessas mutações no vírus.
Tipos de mutações cromossômicas

Fonte: http://romeo.if.usp.br/~browngon/04/mutacoesall.html. Acesso em: 27 dez. 2020
Grubaugh, N. D. et al (2020). Making Sense of Mutation: What D614G Means for the COVID-19 Pandemic Remains Unclear. Cell, v. 182, n. 4, p. 794-795.
Klug, W. et al. Conceitos de Genética. 9. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010.
Nucleotídeos: São monômeros constituintes de polímeros (DNA e RNA) cuja sequência determina os genes e genoma de cada organismo. São constituídos por três partes: uma base nitrogenada (moléculas orgânicas feitas de estruturas anelares que contêm nitrogênio, sendo elas citosina, timina, uracila, adenina e guanina), um açúcar de cinco carbonos (sendo ribose no RNA e desoxirribose no DNA) e um grupo fosfato (molécula ácida que contém fósforo).

Referência: Ácidos Nucleicos: Estrutura e função do DNA e RNA. Nucleotídios e polinucleotídios. mRNA, rRNA, tRNA, miRNA, and siRNA, Khan Academy. Disponível em: Ácidos nucleicos (artigo) | Khan Academy. Acesso em: 02 de janeiro de 2021.
PCR: Técnica utilizada na biologia e ecologia molecular que amplifica um ou alguns segmentos de DNA em milhões de cópias, o que pode ter diversos usos, desde a medicina forense (com amostras de fio de cabelo, por exemplo), na paleontologia, para a determinação de genomas de animais pré-históricos e na biologia molecular, como é o caso dos estudos envolvendo Covid-19. Neste caso, as amostras de RNA são coletadas através de swabs, uma espécie de cotonete que é colocada em contato com o nariz ou garganta do indivíduo, então são amplificadas para a detecção de uma atual infecção ou se o mesmo já foi infectado pelo vírus Sars-CoV-2 no passado.

Amplificação de ácido nucleico através de uma única amostra inicial
Referência: RT-PCR ou sorológico? Entenda as diferenças entre os testes para a covid-19, Medicina UFMG. Disponível em: RT-PCR ou sorológico? Entenda as diferenças entre os testes para a covid-19 – Faculdade de Medicina da UFMG. Acesso em: 03 de janeiro de 2021. How do you know if you have a virus? – Cella Wright, TED-Ed. Disponível em: How do you know if you have a virus? – Cella Wright
Proteína: São macromoléculas orgânicas composta por aminoácidos que estão ligadas entre si por ligações peptídicas, sendo constituídas por carbono, hidrogênio, oxigênio, enxofre e nitrogênio. As proteínas exercem funções primordiais para a vida, como no transporte de oxigênio, catalizadora de reações químicas, atuação da contração muscular e serem receptoras de membranas, que é o caso da proteína spike do SARS-CoV-2, que são transmembranas com forma de coroa para a fixação celular em receptores e induzir a fusão com a célula hospedeira.

Figura: Tipos de estruturas em proteínas. Fonte: https://www.euquerobiologia.com.br/2017/12/tipos-estruturas-proteinashtml. Acesso em: 27 dez. 2020.
Referencias:
Alburquerque, L. P. et al. (2020). Coronavirus Spike (S) Protein: A Brief Review on Structure Function Relationship, Host Receptors, and Role in Cell Infection. Advances in Research. v. 21, n.9. p. 117-124.
Menck, C. F. M. & Sluys, M. V. Genética Molecular Básica: dos genes aos genomas. 1. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.
Proteína ACE2: É uma proteína humana receptora localizada no cromossomo x que desempenha importante papel na ligação com a proteína S. Essa proteína tem como função no organismo de promover a vasodilatação e diminuir a pressão arterial.
Fonte: UFPE | CAA, Licenciatura em Química, JQI, Caruaru ANO VI, nº 02. Disponível em: https://www.ufpe.br/documents/39102/1899826/Ed2_anoVI.pdf/561864e1-c533-4e6a-8638-c7daa26fc91f. Acesso em: 27 dez. 2020.
Referências:
Gemmati, D. et al. (2020). COVID-19 and Individual Genetic Susceptibility/Receptivity: Role of ACE1/ACE2 Genes, Immunity, Inflammation and Coagulation. Might the Double X-Chromosome in Females Be Protective against SARS-CoV-2 Compared to the Single X-Chromosome in Males?. Int. J. Mol. Sci, v. 21, n. 10.
Hussain, M. et al. (2020). Structural variations in human ACE2 may influence its binding with SARS-CoV-2 spike protein. Journal of Medical Virology, n. 92, p. 1580-1586.
Proteína S. Spike Protein: É uma das proteínas codificadas pela SARS CoV-2, possui como característica principal projeções em forma de espículas dando um aspecto de coroa ao vírus. Além disso, por serem ricas em glicoproteínas, possuem grande importância no processo da penetração nas células hospedeiras, se ligando com receptores da célula hospedeira que no caso, é a proteína ACE2.

Fonte: Li, G. et al. https://doi.org/10.1002/jmv.25685
Referencia:
Li, G. et al. (2020). Coronavirus infections and immune responses. Journal of medical virology, n. 92, p. 424-432.
Sequenciamento: É o processo bioquímico no qual é determinada a sequência e ordem exatas dos nucleotídeos em moléculas de ácidos nucleicos. É de fundamental importância para compreensão da estrutura e função dos ácidos nucleicos, das células, organismos e suas propriedades hereditárias. Desde que foi desenvolvido na década de 1970 por Sanger e Gilbert, o sequenciamento de primeira geração (também conhecido como sequenciamento de Sanger) possibilitou o isolamento e estudo do DNA, onde diversos novos estudos se desenvolvessem nas mais diversas áreas, inclusive no Projeto Genoma Humano, que determinou a sequência de todo o genoma humano. Os métodos se sequenciamento, entretanto, foram avançando e se tornando cada vez mais tecnológicos, até o mais recente Sequenciamento de Nova Geração (NGS) ou ainda sequenciamento de segunda geração, que possibilita não apenas um processo mais célere que o anterior, como o sequenciamento de milhões de pares de base (que anteriormente era limitado à 96 amostras por vez). O sequenciamento ainda é de suma importância, sendo utilizado, inclusive, nos estudos de Covid-19.

Sequência de nucleotídeos em uma dupla fita de DNA.
Referência: Sequenciamento de DNA: Desvendando o código da vida, Biometrix. Disponível em: Sequenciamento de DNA: Desvendando o código da vida (biometrix.com.br). Acesso em: 02 de janeiro de 2021.
Seleção natural: Mecanismo evolutivo proposto por Chales Darwin que explica como as modificações hereditárias ocorrem. Segundo a proposta, o mecanismo atua através da seleção dos organismos mais aptos a sobreviverem em dado ambiente e parte de algumas observações como: (i) nem toda a prole é capaz de sobreviver, (ii) características são geralmente herdáveis e (iii) as características herdadas pelas proles não são totalmente iguais, mesmo que frutos dos mesmos pais. Portanto, no geral, as características que serão herdadas serão as que promovam maior chance de sobrevivência às proles, a final, os pais com tais características sobreviveram até a fase da reprodução e essas características então tendem a ser tornarem mais comuns, onde, ao longo das gerações, a população se tornará adaptada ao ambiente através da seleção natural. Os vírus de Sars-CoV-2 podem, por exemplo, através da seleção, se tornarem mais resistentes aos indivíduos que infectam, o que pode variar com localização geográfica ou presença de anticorpos por conta de uma infecção anterior pelo mesmo vírus.

Referência: Darwin, evolução e seleção natural, Khan Academy. Disponível em: Darwin, evolução e seleção natural (artigo) | Khan Academy. Acesso em: 03 de janeiro de 2021.
Vírus de DNA e RNA: Os vírus DNA tendem a ser maiores e mais diversificados. Utilizam uma variedade de enzimas de DNA polimerases para sintetizar o genoma, se replicando no núcleo da célula hospedeira. São divididos em duas classes, vírus de DNA de fita simples e de fita dupla. Já os vírus RNA, tendem a ser menores e com menos genes, sendo capazes de infectar muitos hospedeiros e se replicarem rapidamente no citoplasma. Geralmente tais vírus não tem mecanismo de revisão, sendo então mais provável que aconteçam mutações que tem potencial de gerar novas cepas ou variações do vírus original. Essas mutações podem tornar o vírus mais adaptável a certos ambientes, como ter a capacidade de infectar novas espécies, como foi o que ocorreu com a ebola, zika, SARS e a covid-19. Além disso, são divididos como tipo (+) e tipo (-). No caso do SARS-CoV-2, seu tipo é (+).
Uzunian, A. (2020). Coronavírus SARS-CoV-2 e Covid-19. J. Bras. Patol. Med. Lab. vol.56
Payne, S. (2017). Viruses – Introduction to DNA Viruses. P. 231–236. doi:10.1016/B978-0-12-803109-4.00028-3
Virulência: É uma associação entre parasita e hospedeiro, em que quando há a alta virulência, o parasita provavelmente possui poucas adaptações e está em um estágio considerado primitivo na associação com o hospedeiro. Já quando o parasita tem uma prolongada associação com seu
hospedeiro, a sua virulência tende a ser menor. Isso permite que ambas as espécies vivam e desse modo, evite a extinção.
Giorgo, S. (1995). Moderna visão de virulência. Rev. Saúde Pública, v. 29, n.5
Referencia:: https://www.news-medical.net/health/The-Phylogenetic-Tree-of-the-SARS-CoV-2-Virus-(Portuguese).aspx
Integrantes do grupo: Henrique Petrovich, Lilian Kinukawa, Mateus Silva, Raquel Gradwhol